DRAG QUEEN - A FRONTEIRA DO GÊNERO
Ensaio fotográfico envolvendo identidade, gênero e representatividade sob um recorte dos Estudos Culturais.
Projeto de graduação em Estudos de Mídia - Universidade Federa; Fluminense
Para a elaboração desse Ensaio fotográfico, algumas etapas foram traçadas e algumas delas divididas entre quem esteve em frente à câmera (Victor) e quem ficou por trás (Giulia).
Das partes em comum assim que houve a escolha do recorte temático, ambos os participantes trouxeram seus questionamentos e observações de leituras - citadas posteriormente - como estudos preliminares. Logo após um brainstorming, iniciou-se uma atividade de imersão estética e conceitual em produtos culturais que retratam Drag Queens - as referências foram os filmes Rocky Horror Picture Show, Hedwig and The Angry Inch.
Finalizado o processo de idealização. Foi dado início à parte prática do Ensaio. A cenografia e o figurino, bem como quase todo o projeto, foram discutidos e ponderados por todos os integrantes do trabalho. A segmentação das tarefas se deu no momento da captura e edição de imagens. Enquanto a Drag Queen Alice Bardot (Victor) posava, os cliques eram feitos por Giulia.
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Como conceito centralizador desse trabalho está a identidade. Para tal, apoiamo-nos na “Vontade de Saber,” da trilogia de “A História da Sexualidade”, de Michel Foucault em conjunto com “Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade” de Judith Butler, o que ajudaram a traçar bons paralelos sobre masculinidade e homossexualidade.
Do entendimento dos embates culturais e dos atravessamentos sociais dos papéis de gênero, utilizamos “Borderlands/La Frontera: The New Mestiza” de Gloria Anzaldúa como motivação para encarar a caracterização Drag Queen como um lugar fronteiriço. No entanto, também foi utilizado o conceito de estereótipo em “O Local Da Cultura” de Homi Bhabha.
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Esse ensaio não tem por objetivo apontar as discrepâncias na representação midiática de um grupo plural, o LGBTI+, sob uma perspectiva pessimista. Pelo contrário. A intenção primordial é salientar que existem inúmeras maneiras de se abordar as pautas da comunidade na mídia, sendo fiel à pluralidade inerente aos seus membros. Contentar-se com a representação atual da comunidade LGBTI é sucumbir às velhas dinâmicas sociais numa outra roupagem.
Ainda, travestis e transexuais ocupam um lugar de acessibilidade à cidadania muito precário na sociedade. Ainda há fixidez nas atribuições de papéis de gênero e a heteronormatividade está presente em vivências homossexuais/ bissexuais. Devido às situações de risco que essa população se insere compulsoriamente, sobreviver é transgredir e não virar estatísticas em crimes hediondos é um desafio incessante. Os resultados brutos desse trabalho são, para além das imagens, provocações, afetações e questionamentos necessários para confrontar as atribuições dos gêneros, tão enrijecidos.